
Estou a velejar o meu barco de volta a um porto seguro... o meu porto seguro...
Quando andamos em mar alto nem nos apercebemos do tempo passar; ele vagueia no limiar da nossa loucura e na vertigem do nosso sonho... Somo objectos mecânicos da nossa existência... Agimos por intuição e biologicamente mas sem pensar...
Não se pode pensar muito quando estamos em pleno oceano! Pensar deturpa os sentidos e tornamos-nos fracos e frágeis aos desígnios do imprevisto... A melhor maneira de seguir em frente é fechando os olhos conscientes e enfrentar o desconhecido de braços abertos!
Perdi-me muitas vezes em pleno mar; perdi-me para me encontrar depois mais e melhor do que antes...
Lancei âncora em muitas praias, atraquei em muitos portos sem nunca me importar com nenhum deles... Sendo todos eles parte de mim...
Mas hoje é diferente... Hoje caminho para casa... A minha Ítaca perdida dos tempos de Ulisses; o único porto que eu sei que me pertence, pelo menos para já...
Quero lançar âncora nesse porto e não temer mais as tempestades; embora eu saiba que mesmo em terra ninguém pode adormecer a força dos ventos e o sedutor poder incontestável do mar...